um pouco
Tenório nasceu duma ninhada que a Senhora Maria Puga deitou amorosamente debaixo das asas da Pedrês, no dia doze de Janeiro, pelas três da tarde. À primeira vista quando a sua cabecita saiu da casca do ovo a senhora Maria achou logo que seria um frango.
Aquela sua amostra de crista poucas semanas depois já parecia uma mitra.
Por altura da Ascensão, Tenório viu os seus irmãos serem degolados para darem umas belas dumas refeições caseiras. Mas a sua dona preferiu mantê-lo para a semente. A certeza de continuar vivo e saber da sorte que teve, enchiam a alma de Tenório duma confiança cega e só mais tarde lhe foi revelado o seu destino.
Num certo dia de Outubro ao amanhecer, sentiu uma ânsia enorme de abrir o peito e cantar ao mundo não sabia muito bem o quê. Sentia-se febril, mas não doente; uma estranha sensação percorria-lhe o corpo; aterrado, tolhido de medo e de pudor não conseguiu refrear aquela sensação e cantou:
Cá-que-rá-cá-cá....!
Cá-que-rá-cá-cá....!
Acordou toda a gente como se um raio tivesse caído no galinheiro, despertando a mãe, as primas e os irmãos. Tenório já não era nenhum frango era um galo. O peito almofadado de penas, os esporões que cresciam dia após dia nas pernas lisas e musculadas faziam dele um belíssimo galo. Durante muito tempo Tenório foi o rei da galinheira e o orgulho de todos. No entanto os seus cantos já não se faziam apenas pela madrugada para acordar todo o pessoal e chamar para as tarefas diárias. Começou também a cantar à meia-noite, às tantas da manhã, e várias vezes pelo dia fora.
Mas um dia, outro galo mais jovem preparou-se para suceder a Tenório, que era agora considerado como o velho galo. Para cúmulo tratava-se do seu próprio filho e três anos depois de cantar pela primeira vez, Tenório ouviu o seu filho substituí-lo no cantar do amanhecer, acabando por ter o mesmo fim que os seus irmãos.
de tudo
e do nada.
girassol com sardas.
caracol distraído.
tijolo sobre tijolo
- as pintas do corpo -
ergue-se
a girafa
Sergio de Castro PintoTenório nasceu duma ninhada que a Senhora Maria Puga deitou amorosamente debaixo das asas da Pedrês, no dia doze de Janeiro, pelas três da tarde. À primeira vista quando a sua cabecita saiu da casca do ovo a senhora Maria achou logo que seria um frango.
Aquela sua amostra de crista poucas semanas depois já parecia uma mitra.
Por altura da Ascensão, Tenório viu os seus irmãos serem degolados para darem umas belas dumas refeições caseiras. Mas a sua dona preferiu mantê-lo para a semente. A certeza de continuar vivo e saber da sorte que teve, enchiam a alma de Tenório duma confiança cega e só mais tarde lhe foi revelado o seu destino.
Num certo dia de Outubro ao amanhecer, sentiu uma ânsia enorme de abrir o peito e cantar ao mundo não sabia muito bem o quê. Sentia-se febril, mas não doente; uma estranha sensação percorria-lhe o corpo; aterrado, tolhido de medo e de pudor não conseguiu refrear aquela sensação e cantou:
Cá-que-rá-cá-cá....!
Cá-que-rá-cá-cá....!
Acordou toda a gente como se um raio tivesse caído no galinheiro, despertando a mãe, as primas e os irmãos. Tenório já não era nenhum frango era um galo. O peito almofadado de penas, os esporões que cresciam dia após dia nas pernas lisas e musculadas faziam dele um belíssimo galo. Durante muito tempo Tenório foi o rei da galinheira e o orgulho de todos. No entanto os seus cantos já não se faziam apenas pela madrugada para acordar todo o pessoal e chamar para as tarefas diárias. Começou também a cantar à meia-noite, às tantas da manhã, e várias vezes pelo dia fora.
Mas um dia, outro galo mais jovem preparou-se para suceder a Tenório, que era agora considerado como o velho galo. Para cúmulo tratava-se do seu próprio filho e três anos depois de cantar pela primeira vez, Tenório ouviu o seu filho substituí-lo no cantar do amanhecer, acabando por ter o mesmo fim que os seus irmãos.
Miguel Torga
A cabra é negra.
Mas seu negro
não é o negro do ébano douto
(que é quase azul) ou o negro rico
do jacarandá (mais bem roxo).
O negro da cabra é o negro
do preto, do pobre, do pouco.
Negro da poeira, que é cinzento.
Negro da ferrugem, que é fosco.
Negro do feio, às vezes branco.
Ou o negro do pardo, que é pardo.
disso que não chega a ter cor
ou perdeu toda cor no gasto.
É o negro da segunda classe.
Do inferior (que é sempre opaco).
Disso que não pode ter cor
porque em negro sai mais barato.
João Cabral de Melo Neto - Obra completa
e vocês de que animal gostam mais?
eu é do cão.
e logo a seguir da girafa.
17 comments:
O animal de estimação que mais gosto é do cão.
Agora um que não poderia ter em casa: o golfinho.
Beijinhos
O animal de que mais gosto é... o urso...
Pena não ser de "estimação"...
Beijo, Velas
Eu adoro koalas....
mastb de estimação não têm nada :)
cão, sim! gostava tanto de ter uma catatua!
Eu cá por mim, se pudesse, o que gostava mesmo era de ter um jardim zoológico, com todos os animais que lá pudesse ter.
Não podia deixar de lá faltar, é claro, a capoeira para o galo tenório e suas galinhas. :-)
É a vantagem de poder viver quase no campo.
Aquele abraço
eu gosto de cães e amo gatos
mas adoro os golfinhos, os pandas, enfim...............tantos
jocas maradas..........sempre
Cabras só gosto mesmo das de 4 patas :p
Falar a sérios, adoro cães :)
beijinhoo*
Olá!
Adoro, e tenho cães e gatos:=)
Beijocas
Cá eu gosto de macaquinhos.
Grande Adolfo Correia da Rocha, vulgo Miguel Torga, e os seus "BICHOS", uma obra fundamental da literatura.
beijinhos.
GATOS, Velinha, sempre GATOS!
Os seus olhos de mistério fascinam-me, e o seu olhar, por vezes fixo em qualquer coisa que eu não vejo. Será que eles vêem aquilo que me está vedado??
E adora a Chita, mas como animal de estimação, convenhamos, é um tudo nada grandita...
Beijinho
cães! não desfazendo os restantes, lol
tantossssssssss
caes gatos ursos cabritinhos ovelhinhas caracois borboletas alces castores...
beijosssssssss
Eu é das pessoas
Eu gosto de Pandas e não posso viver sem cães!
Ps - também gosto muito dos "bichos" de Miguel Torga. ;)
eu gosto de macacos e de pinguins. ahah
Implacável Miguel Torga... adoro!! Mas, poça, a questão era quanto a animais! :D
Gatos, gatos, gatos, gatos, gatos... e mais gatos... e depois dos gatos, vêm os gatos... e a seguir também... :D
Beijos!
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