um poema
Deixei a luz a um lado e numa beira
da cama em desalinho me sentei,
sombrio, mudo, os olhos imóveis
cravados na parede.
Que tempo estive assim? Não sei; ao deixar-me
a horrível embriaguez da dor
já expirava a luz, e na varanda
ria o sol.
Não sei tão-pouco em tão terríveis horas
em que pensava ou que passou por mim;
recordo só que chorei e blasfemei
e que naquela noite envelheci.
[Gustavo Adolfo Bécquer]
um texto meu
definitivamente não sei. não encontro os limites entre o meu espaço e eu, estamos longe, parece me que muito longe. afastados nos sentimentos. acho que já não me permito tentar ter compreensão.absoluta. tenho ossos, carne, boca, tenho desejos, medos e alguma coragem.pouco ou nenhum carinho. e porque me sobra alguma coragem, vou.a passagem a escorrer pelos meus dedos. mas não compreendo.
continuo a procurar. tipo subtilmente ou desinteressadamente.eu sou intermitente. sempre com sono dentro do corpo buliçoso. mutação. procuro e nela muitas sensações se afastam de mim como contradições. quero um tecto sobre a minha cabeça.absorver. quero um. mas eles caem à minha passagem.
sinto me essencialmente desconfortável dentro da minha cabeça. uma louca vontade de bater ao murro no mundo que não se cansa de andar à roda na minha cabeça. ainda tenho tanta coragem e, no entanto, que fazer com ela? no dia a dia, uso máscaras como ponto de apoio mas que mal chego a casa deito fora e limpo, não, melhor ainda, esfrego a cara até ficar vermelha e me conseguir ver.a fragilidade em choque com a força.
um dia,serei capaz de colocar a minha coragem bem dobradinha numa mala de viagem ou levo a mesmo na mão. logo vejo quando chegar a hora de partir.ou se calhar, deixo ficar arrumada e não vou a parte nenhuma.porque mexer com as pessoas por dentro é para os fortes.eu não sou forte.a mim, a indefinição.como um compasso de pernas tortas e indefinidas.
talvez não ter caminho é tê-lo concluido. talvez não ter caminho é tê-lo concluido. a repetição da frase conforta me. e eu preciso de conforto. de tortos caminhos sei eu.
uma frase
Não devemos ser escravos de um padrão, de uma época, de um costume. Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade.
[Luiz Márcio M. Martins]
um filme
Uma cidade portuária no norte da Espanha, que há muito tempo voltou as costas ao campo e que se rodeou de indústrias que a fizeram crescer desproporcionalmente, alimentando a imigração e desenhando um horizonte de chaminés, sofre com seu isolamento quando seus estaleiros começam a ser fechados, deixando vários trabalhadores desempregados, à mercê de pequenas ocupações temporárias.Um grupo de homens todos os dias percorre as suas ruas, procurando as saídas de emergência. Entre eles, está Santa, um machão rebelde e auto-suficiente que se recusa a admitir o fracasso. Mas a verdade é que ele e seus companheiros, dos quais ele se torna uma espécie de líder, são perdedores completos, mergulhados no alcoolismo e em crises familiares.E como diz no filme, Santa, personagem interpretado por Javier Bardem, "a formiga é uma filha da mãe especuladora".
7 comments:
gostei do teu pensamento :)
Sabes bem arder nas chamas.
A música tive dificuldade em ouvir
o poema gostei, é "tudinho que diz"
mas fiquei triste por dor sentir
o livro não conheço mas sei da Inês
tenho dois que gosto de ler muita vez
és forte sim, senão não era texto assim
um momento que te dá alento
a liberdade é estar livre por dentro
e um filme que não vi
mas tem "formiga" desafiadora!
Corri os posts abaixo
e no plano do ser os "encaixo"!
E te desejo bom fim-de-semana
E um beijo meu que sol te manda!
um beijinho Iara
São momentos de prazer os que gasto aqui...
L.B.
Nem sei do que gostei mais no meio de tanto bom gosto :) beijinho
http://www.youtube.com/watch?v=5MdolVfJlyg
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