Thursday, October 27, 2011

[RENOVA]Black & White



Peguei na caneta para refle(c)tir sobre o acaso e a sorte ao ver as imagens quase simultâneas de dois campeõezinhos de 24 anos, um, Sebastien Vettel, Campeão do Mundo de Fórmula 1, a ser recebido em glória na sua cidade natal de Heppenheim na Alemanha, o outro, Marco Simoncelli, herói semanal dos G.P. de motociclismo, a chegar à sua Cattolica em Itália, dentro de um caixão, porque em Sapang, na Malásia, morreu por uma unha negra; 5 cm e estaria vivo e a sorrir como estava sempre. Mas era assunto demasiado empenhativo para mim e então, lembrando-me que uma cara colega que tenho o bem senso de ouvir, me alertou para o facto de eu andar ultimamente obcecada por aquilo que ela chama de sindroma do Renova Black, voltei página e é assim….

Ontem fomos todos brindados com um regurgito de honestidade serôdia que obrigou alguns governantes da costa das negociatas a abrir mão do subsídio a que têm direito por lei pelo facto de não terem residência a menos de 100 km da capital. A verdade é que as três personalidades em questão, embora declarem a sua residência fiscal longe de Lisboa, têm na realidade alojamento dentro dos fatídicos 100 km. Aquele que mais impressão me fez foi o Ministro da Defesa que, tendo residência oficial no Forte de S. Julião da Barra, paga por todos nós, recebia o seu subsídiozito, não digo à socapa, mas com uma conveniente discrição. Agora que um órgão de comunicação social denunciou a anomalia legal, vêm estes senhores que nos deveriam governar, num aparente acto de solidariedade social, renunciar àquilo a que nunca teriam renunciado se não tivessem sido denunciados. E aqui entra a minha paranóia: o que os Senhores Ministros e Secretário de Estado andaram a fazer até agora foi a usar o Renova Black limpando o dito cujo sem que a cor da dita cuja fosse detectada por olhos mais distraídos, esquecendo-se que os portugueses, a quem. interna e externamente têm tentado e conseguido fechar os olhos e tapar a boca, não permitiu que lhe tapassem também o nariz, e foram por isso traídos pelo mau cheiro.

Já não chegava pagarmos a presumíveis ladrões (Armando Vara), presumíveis assassinos (Duarte Lima), presumíveis vigaristas (Dias Loureiro), presumíveis corruptos (Jorge Coelho), vira casacas presumíveis oportunistas (Zita Seabra), presumíveis faxistas de Macau (Carlos Melancia) e até a presumíveis honestos (António Vitorino), subsídios vitalícios que, apesar de legais, ofendem a moral, a decência e a ética; e quando a lei tem estas características de insuportabilidade, alguém tem obrigação de não a respeitar.


Lembrem-se que a desobediência é um dos motores do progresso civilizacional e que foi infringindo a lei que se fez o 25 de Abril.

Não viremos as costas aos produtos nacionais respeitando o credo provinciano “gravetista” de Boliqueime, mas regressemos ao Renova White por todos os óbvios motivos e por mais este, não dispiciente, que acima expressei.