Tuesday, December 30, 2008

Feliz Ano Novo!



No dia em que a solidão é anunciada como a maior doença do século.
Eu não consigo ficar indiferente..sinto me SÓ e não falo de notas musicais mas de abraços....
Afinal não nos sentiremos todos um pouco sós?!






Desculpem mas não quero brindar ao Novo Ano...





quero dar vos as mãos ...






... ver as estrelas ...




e esperar por 2009! Estamos quase lá...


Feliz Ano Novo!

Monday, December 29, 2008

E viva 2009!_Adolfo Luxuria Canibal(Mão Morta)


Chegamos a esta altura tão enfastiados de festas, de familiares, longinquos que se encontram uma vez por ano, de gastos estupidos e superfluos só porque fica mal não dar presentes, de noite mal dormidas por excesso de doces no estomago, que acabamos invariavelmente por enfiar neste fastio o ano que finda.E enchemo nos de uma esperança infantil de que o proximo vai ser melhor, de que o Mundo vai mudar, de que nós vamos mudar, só porque o calendário altera um algarismo...E obrigamo nos a divertir nos para comemorar essa quimera e fingirmos acreditar que nos divertimos e entramos no novo ano ainda mais enfastiados e ressacados do que estavamos no anterior, já esquecidos dos desejos que acompanham as uvas-passas que simbolizam a esperança de mudança.
Isto se formularmos realmente esses desejos- eu, por exemplo, nunca consegui pensar em mais do que um, que repetia 12 vezes, e era directamente influenciado pela presença feminina que se encontrava no mesmo espaço.É verdade que algumas vezes o desejo formulado se concretizava mas era logo na própria noite, e não creio que as uvas-passas tivessem nisso qualquer influencia, mesmo simbólica.
Senão, porque que se concretizava sempre?Tanto mais que ficavam 365 dias para isso acontecer...Mas, apesar de na vespera o ter repetido 12 vezes, no dia seguinte o desejo era outro:que me dessem um "guronsan", que me deixassem dormir, sobretudo, que não me dissessem que tinha o novo ano todo pela frente!E que me contassem como me havia divertido, como tinha sido divertido, e como para o ano nos iriamos divertir de novo- mas dessa vez eu vou lembrar me, juro, prometo!
Mas este foi desejo ainda não concretizado:ou não me lembro, ou se me lembro, não me diverti!
Mas há esperança, vem aí 2009!

Friday, December 26, 2008

Quero apaixonar-me!

Que estranho destino é o meu que apenas me consente paixões ardentes e me faz esgotar em amores improváveis.

[Aos olhos de deus/José Manuel Saraiva]



dois corpos esmagados.contra a parede.neste momento só existe o número 2.as bocas seladas no beijo.os corpos que não se separaram porque não querem.
saudades do tempo em que estou apaixonada. dos olhos a brilhar por alguém. de os fechar e de mesmo sem ter esse alguém ao lado senti lo. recordar momentos passados há 5 minutos atrás. de achar que a vida é linda porque gosto.


casar nunca fez nem faz parte dos meus pensamentos...viver com alguém não é um projecto...talvez inconscientemente tenha vontade de viver um sonho,já que a maioria dos meus relacionamentos foi longe disso. mas qual..não sei...

ou pode ser só a vontade de uma menina normal, de estar com alguém especial, de me sentir importante...Quero apaixonar-me!

Monday, December 22, 2008

é Natal!

o açúcar dos sorrisos mistura-se
com o sal das lágrimas!

é Natal!

é natal mais uma vez. mas este período para mim é melancólico ou menos feliz, um pouco vazio, talvez por ficar perplexa por ver tanta gente a tentar comprar alegrias. o tempo esse é inflexível, tanto dá tristezas como felicidades. mas, é natal e a data é divina. desejo vos um feliz dia de Natal divinamente comum.

Friday, December 19, 2008

O Natal e as famílias_Isabel Leal

O Natal acaba por ser um tempo de confrontação. Confrontação com a falta de família, com os conflitos de família, com os assuntos pendentes na família, com os limites da família...
Com a aproximação do Natal aumenta o bulício das ruas e as preocupações das gentes.
Independentemente de tudo o que o Natal já foi, e ainda é para grupos restritos de pessoas, temos que, hoje em dia, o Natal é, de facto, a festa da família. Uma festa em que é suposto a família reunir-se, comer guloseimas e trocar prendas.
A primeira e grande questão é mesmo a que resulta do facto das famílias que temos se afastarem bastante das famílias idealizadas que o marketing todo-poderoso não se cansa de promover. Como a distância entre as famílias reais e essas outras que vamos interiorizando que deviam ser é enorme, o Natal acaba por ser um tempo de confrontação. Confrontação com a falta de família, com os conflitos de família, com os assuntos pendentes na família, com os limites da família e também com famílias de que não gostamos ou que não gostam de nós.
Vivemos num tempo de famílias muito pequenas. São muitos os filhos únicos e as famílias à beira da extinção pela não reprodução. São poucas as crianças em fase de fazer do Natal o tempo mágico que se gostaria que fosse. São mais os idosos que os jovens e são muitas as separações e divórcios em todas as gerações.
O simples facto de um casal jovem de filhos únicos, por exemplo, ter que rodar por casa dos respectivos pais, já implica que cada família de origem fique com a sensação de que tem um Natal coarctado. Se este mesmo casal jovem tiver um dos pais em segundas núpcias, a complicação agudiza-se, porque fica logo com dois dias para estar com três famílias. Se, por acaso, um deles tiver um filho de uma anterior relação, o drama instala-se, porque a separação das pessoas mais significativas é incontornável.
Acresce a esta realidade complexa a obrigação de trocar prendas. E as prendas são, como se sabe, uma demonstração, não só do próprio estatuto, mas da importância que se concede aos outros, do cuidado que se colocou na escolha, da atenção que se prestou ao gosto ou às necessidades de quem vai receber.
Por tudo isto, o tempo de Natal é um tempo de teste às famílias. A que normalmente se sobrevive sem grandes recordações nem decepções.

Wednesday, December 17, 2008

prenda minha


Je suis d'un autre pays que le votre, d'un autre quartier, d'une autre solitude.

Je m'invente aujourd'hui des chemins de traverse.

Je ne suis plus de chez vous, j'attends des mutants.

Biologiquement je m'arrange avec l'idée que je me fais de la biologie: je pisse, j'éjacule, je pleure. Il est de toute première instance que nous faconnions nos idées comme s'il s'agissait d'objets manufacturés.

Je suis pret à vous procurer les moules.

Mais, la solitude.

Les moules sont d'une texture nouvelle, je vous avertis.

Ils ont été coulés demain matin.

Si vous n'avez pas dès ce jour, le sentiment relatif de votre durée,

il est inutile de regarder devant vous car devant c'est derrière, la nuit c'est le jour.

Et la solitude.

Il est de toute première instance que les laveries automatiques, au coin des rues,

soient aussi imperturbables que les feux d'arret ou de voie libre.

Les flics du détersif vous indiqueront la case où il vous sera loisible de laver ce que vous croyez etre votre conscience

et qui n'est qu'une dépendance de l'ordinateur neurophile qui vous sert de cerveau.

Et pourtant la solitude.

Le désespoir est une forme supérieure de la critique.

Pour le moment, nous l'appellerons "bonheur",

les mots que vous employez n'étant plus "les mots" mais une sorte de conduit à travers lequels,

les analphabètes se font bonne conscience.

Mais la solitude.

Le Code civil nous en parlerons plus tard.

Pour le moment,

je voudrais codifier l'incodifiable.

Je voudrais mesurer vos danaides démocraties.

Je voudrais m'insérer dans le vide absolu et devenir le non-dit,

le non-avenu, le non-vierge par manque de lucidité.

La lucidité se tient dans mon froc...






La Solitude Léo Ferré
[Sou de um outro país que não o vosso, de outro quarteirão, de outra solidão. Invento-me hoje em atalhos. Já não faço parte da vossa casa, estou à espera de mutantes. Biologicamente, acomodo-me com a ideia que faço da biologia: mijo, ejaculo, choro. É fundamental que moldemos as nossas ideias como se tratasse de objectos manufacturados. Estou pronto para vos arranjar os moldes.
Mas a solidão...
Os moldes são de uma textura nova, aviso-vos. Foram fundidos amanhã de manhã. Se não tiverem desde esse dia o sentimento relativo da vossa duração, é inútil olhar à vossa frente porque de frente é por trás, a noite é o dia.
E a solidão
É fundamental que as lavandarias automáticas, à esquina das ruas, permaneçam tão imperturbáveis como os sinais vermelhos ou verdes. Os ''policias'' do detergente indicar-vos-ão o compartimento onde vos será permitido lavar o que creis ser a vossa consciência e que não passa de uma dependência do computador neurófilo que vos serve de cérebro.
E, apesar disso a solidão...
O desespero é uma forma superior da crítica. De momento, chamá-la-emos de “felicidade”, as palavras que utilizam já não são “as palavras”, mas uma espécie de canal através do qual, os analfabetos se mantêm de consciência tranquila.
Mas...a solidão...
Do Código civil falaremos mais tarde. De momento, queria codificar o incodificável. Queria medir as vossas democracias impossíveis. Queria inserir-me no vazio absoluto e tornar-me o não dito, o não acontecido, o não virgem por falta de lucidez. A lucidez agarra-se às minhas calças …]
Dsc esta minha a tradução que pode não ser a melhor...

Saturday, December 13, 2008

eu sou uma menina

eu sou uma menina.a menina que chora mas também ri.que está em pedaços ou inteira.a menina que cai e como uma mola se levanta.que não consegue. mais vai e tenta outra vez.
eu sou uma menina.a menina que acorda todos os dias. sonha com a realidade. voa.a menina que faz tudo estranho. e igual.renasce e recria no silêncio. compreender me para quê? o sangue escorre. o amor também. escrevo.leio.canso me.trabalho.penso de mais. quero de menos.mas o quê? nada de mais. tudo de menos. gostava de ser uma grande menina pequena. para isso precisava de gostar mais de mim. ter olhos brilhantes. riso descontrolado. chorar para limpar a alma.
irra! preciso de aprender a dizer: "Eu quero mais".

eu sou uma menina.que gostava de ser uma grande menina pequena. para isso vou lutar por ter um história para contar. uma tela a pintar. um coração a bater. um sorriso para dar. uma lágrima que cai. um estranho a conhecer. amigos que revê. uma familia que ama.mas a menina pequena para ser grande precisa também de ter um buraco para se esconder. agora eu tenho o depois de amanhã. o hoje já se foi. o meu tempo já teve vez. eu tenho uma vida para viver..."Eu quero mais".

Sunday, December 07, 2008

afectos


Não se pode viver sem pensar e não se pode pensar sem palavras. Mas as palavras, quando despojadas da vida são a hemorragia, o esvaziamento da alma. A hemorragia das palavras, está a perder a nossa civilização. Os homens e as sociedades estão a esvaziar-se. Vivemos uma existência anêmica porque abusamos das palavras. Os discursos não param. Perdemos a nossa vida em discussões, e em confissões públicas, e em debates, em processos. [...]vamos passar a história com a idade dos processos. Estamos a ser sangrados pelas palavras.

Os nós e os laços
António Alçada Baptista(1927-2008)

Thursday, December 04, 2008

2 sugestões

Que será isto, pensou, e de súbito sentiu medo, como se ele próprio fosse cegar no instante seguinte e já o soubesse. Susteve a respiração e esperou. Nada sucedeu. Sucedeu um minuto depois, quando juntava os livros para os arrumar na estante. Primeiro percebeu que tinha deixado de ver as mãos, depois soube que estava cego.
Ensaio sobre a Cegueira [José Saramago]




Li o livro e vi o filme. Gostei do segundo e adorei o primeiro.
O Ensaio sobre a Cegueira talvez seja o livro que li mais triste, inquietante, cruel mas também feliz. É simplesmente uma obra que voltarei a ler pela minha vida fora porque nunca deixará de ser actual. Infelizmente é um prenúncio do futuro...
O que é a cegueira? De causas médicas não sei mas também não é disso que o livro trata mas sim da interpretação da sua origem..O mundo atravessa uma crise financeira gravissima, a humanidade cega a tudo o resto e vê apenas o valor da sua vida diminuir. Sente se no mundo de hoje o cheiro fétido que nos toca ao longo do livro e que o filme tão bem retrata.
Quantos de nós já estão cegos desta cegueira branca e quantos sobreviverão à epidemia. A que distância estamos do dia em que alguém gritará “Eu vejo” e se alguém será poupado à cegueira geral para ser o olhar que precisamos para viver..
Este livro já me passou pelas mãos e os meus olhos já o beberam…Espero que passe pelas vossas em breve. Acaso não ceguem antes....para o amor ao próximo.







O tema é a própria Arte, ou a Representação da vida pela Arte. Como nas Seis Personagens à Procura de Autor trata-se de Teatro dentro do Teatro e também da relação do teatro com o público. É uma estranha companhia de teatro quem chega à mansão onde vive refugiado o mágico Cotrone com os seus “azarentos” e todos estão sob a ameaça desses ocultos gigantes da montanha. Uma obra chave da dramaturgia do autor e um fascinante ponto de partida para muita reflexão sobre as artes do espectáculo. Disse Pirandello sobre o seu texto que era “a tragédia da Poesia neste brutal mundo moderno”.

"Como podemos nos entender (...), se nas palavras que digo coloco o sentido e o valor das coisas como se encontram dentro de mim; enquanto quem as escuta inevitavelmente as assume com o sentido e o valor que têm para si, do mundo que tem dentro de si?"
[Luigi Pirandello]
Não será a vida uma infinidade de absurdos que nem sequer precisam de parecer verosímeis porque são verdadeiros??

Monday, December 01, 2008

à procura do Sol


a cidade

toda cinza
encapuzada de chuva.

ai que saudade do sol...

paro

tiro o capuz!

são os passos frios da cidade.

tudo chega,

tudo parte,
e sobra
apenas a sombra
do ontem.

chuvoso.
cinzento.

o que fazer??
a mim
apetece me

uma longa espreguiçadeira
e olhar
com saudades
o sol.

acredito

que se nascesse outra vez

seria gaivota.

porque gosta de azul

e sabe voar.

viaja sem por os pés no chão.
e

é Sol...

até quando chove!