Saturday, September 19, 2009

nada de importante...


todos os dias sinto que a minha vida é apenas partilhada comigo....

o meu futuro sou eu.

os meus amigos e familia têm a sua propria vida.é normal!

eu tenho a minha...

a vida é assim mesmo.

tem dias em que o peso da solidão é duro.

outros em que sinto que tenho sorte.


(ainda me lembro do dia no qual disseste que por muita familia e amigos que tivesse
estamos quase sempre sós..hoje dou te razão)

Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.
Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem.
Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nenhum ser nós se transmite.
Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.


Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.
Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.
António Gedeão


21 comments:

DE-PROPOSITO said...

sou eu só, e mais ninguém.
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Embora aparentemente seja assim. No entanto há casos em que pessoas sofrem por nós. E por vezes nunca o sabemos.
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Fica bem.
Felicidades.

Francisco said...

...Nada de importante...

Tudo muito bom.

As palavras, fortes, como sempre. AG muito bem escolhido.

E a Marisa que tanto me enche a alma.

E tanta verdade que por aqui vais dizendo.

E, sabes, sinto que este país vai tendo cada vez mais dificuldade em lidar com essa palavra: verdade.

Beijo.
Francisco

Rui Fartura. said...

a vida é assim, dá-nos e tira-nos.

cada um tem a sua vida, mas as vidas vão-se cruzando umas com as outras, dependendo do que alguns chama de "destino", das vivências, das experiências que vamos descobrindo. mas a verdade é que tudo acaba, e cada um na sua vida.

By Me said...

A SOLIDÃO EXISTE QUANDO NÃO SABEMOS CONVIVER COM O NOSSO EU...
OLHA PARA TI VELAS E APRECIA O QUE TENS DE BOM ...VALORIZA-TE.AGARRA ISSO E DUPLICA POR MIL...

BEIJO

Mar Arável said...

Uma vez mais sós

como se quer

mas nunca isolados

Maria said...

Solitários, sim. Quantas vezes.
Os momentos em que estamos sozinhos no meio de muita gente são os nossos momentos.
Solitários, sim. Não em solidão...

Beijo, Velas

impulsos said...

Conheço perfeitamente o sentimento que te invade por dentro e te levou a escrever o que escreveste.
Houve um tempo em que me sentia assim, exactamente assim...
Sozinha até mesmo quando estava acompanhada...

Deixo-te um pequeno poema meu que retrata uma outra forma de solidão, espero que gostes.

Somos nós
Lado a lado
Presos
Sós...

Sentes o nó?
Está apertado
Sem dó!

E vós...
Que laço
Vos prende
A nós?

Se somos nós
Presos em nós
E tão sós...


Beijo

joão said...

Não esqueças...nasces sózinho e morres sozinho...entre estes dois momentos há "fait divers"... fait divers que eu te desejo que a escolha seja tua...porque na maior parte do tempo te são impostos, então, faz tudo para fsssttttt...guarda os teus melhores momentos para ti.



http://www.youtube.com/watch?v=uXd3uC9j7fA

Maçã de Junho said...

Um Beijo, só!

M

a said...

Pois é, por vezes, mesmo rodeados de gente estamos sós.

mjf said...

Olá!
Tanta verdade :=(

Beijocas

Eu Mesma! said...

No final da nossa vida estamos de facto sos...

agora,... cabe-nos a nos decidir se queremos passar a vida toda sos ou acompanhados...

Lu.a said...

Não comento...:(((

O Fio da Meada said...

com efeito a nossa vida vai-se compondo, quer nas conquistas quer na elaboração da nossa personalidade de forma a tornarmo-nos independentes. é como emergir dum casulo libertarmo-nos de tudo o que temos agarrado a nós e voar, sozinhos claro

lembro-me de valorizar de uma forma extraordinária momentos de solidão, aliás a necessidade que o ser humano tem de ficar sozinho é perfeitamente natural, e saudável

experimenta-se então uma coisa perfeitamente irónica, a ânsia de ficar sozinho, por variadíssimas razões, e a nossa natureza gregária. é quase como procurar aquilo que não se quer

quem te disse que apesar da família e amigos estamos quase sempre sós, tem toda a razão, há algo cá dentro que contraria essa característica gregária e nem sempre conseguimos equilibrar os pratos da balança

«..estou sozinho quando não quero porque fujo da companhia»

é assim que sinto muitas vezes (complicada esta parte)


:|

:)

jocas

mfc said...

Só e rodeado de gente é a pior das solidões!

AC said...

Nunca compreendi os solitarios puros mas são muitas as vezes que lhes admiro a coragem de o serem porque para mim ser implica pelo menos 2. Provavelmente será mais uma fraqueza minha, mas prefiro-a.

Abraço APERTADO

Carracinha Linda! said...

Fixei-me na frase com letras pequeninas... "por muita familia e amigos que tivesse estamos quase sempre sós"... e por muito que quisesse negar, não posso de deixar de admitir que na verdade muitas vezes estamos mesmo sós e que apenas podemos contar connosco.

Beijinhos

... said...

Ausente mas sempre presente.
Não precisas que te o diga.

Pecadormeconfesso said...

Boa escolha. Bom poeta e bom poema.

Anonymous said...

Este é o post que mais gosto.

Brilhante.

Abraço,

Rúben De Brito

Su said...

hoje andei por aqui............



excelente este post menina
excelente

jocas maradas .........sempre