Tuesday, March 30, 2010


eu sou fragil
mais fragil do que penso.
agarro me ao meu sangue para permanecer aqui.
mergulho
de
cabeça
no
silêncio.
o meu
silêncio
é minha forma de falar.
por isso sei
que tenho um silêncio
para te mostrar.

Monday, March 29, 2010

hard message


devia ser assim tão simples...

Thursday, March 25, 2010

divagações sobre cerejas

a maioria de nós não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.
é bom beijar?e na boca?
claro que é!
mas
e lá vem o mas, se não houver compromisso.
e passar o tempo a sair com amigos também é muito bom?
claro que sim. afinal somos independentes.
o pior é que
todas as acções têm uma reacção.
viver amizades coloridas
como tudo na vida é bom e mau.
não há somente a cereja em cima do bolo,
como dizem os tribalistas: beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.
continuo a achar que é sempre melhor comer a cereja, mas ter o bolo todo e, nele, os ingredientes como: o famoso telefonema no dia seguinte, o saber que o outro está la quando nós precisamos, o enroscar na cama...
mas como nem sempre temos o que queremos são cada vez mais as amizades coloridas,
relacionamentos, em que ninguém se pode queixar de nada.
se uma das partes desaparece uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não é um namoro.
no fundo, dizemos que existe liberdade, mas o que existem são relações unilaterais. somos livres para optar.
ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. é ter coragem, de se ser autêntico e viver um sentimento...
é arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade.

Tuesday, March 23, 2010

100 anos_ Akira Kurosawa


Um homem é um gênio quando está sonhando.
[Akira Kurosawa]

Sunday, March 21, 2010

Viva a Poesia!Viva os Poetas!

a suavidade do tempo
ou mesmo do contratempo.
mãos que dedilham,
em busca de sonoridade.
acordes da vida,
harmonia.
música...
claves muitas,
mas quantas notas se perdem,
ao toque mais suave,
fazendo descobrir e sentir
tons que arrepiam.
oiço,
sons
sempre em consonância com o tempo...
certo.
compassos, bemóis...
vibratos e sustenidos.
por vezes,
pausas
na dissonância
em que perco o tom.
versos em fios submersos
na ascensão
das notas dadas em tantas noites.
na partitura da saudade
o meu alento
é o ritmo que me embala.
busca diária
da
melodia distante
presente nos sonhos,
na musicalidade de novamente
me encontrar no tom!

Thursday, March 18, 2010

o que eu preciso

preciso da eterna coragem de subir
de descobrir até onde vai o que me move.
que a minha coragem se mostre
de ser e fazer
e que as minhas costas
que me protegem
também me aguentem
e me façam olhar sempre em frente
antes de tudo.
é o que eu preciso!

Tuesday, March 16, 2010

Não sei se volteio
Se rodopio
Se quebro
Se tombo nesta queda
em que passeio
Não sei se a vertigem
em que me afundo
é este precipício em que me enleio
Não sei se cair assim me quebra...
Me esmago ou sobrevivo
em busca deste anseio.
[Maria Teresa Horta]

Sunday, March 14, 2010

Irmãos_José Luís Peixoto

Em 1998, eu ainda morava em Coimbra. Comprava pão na padaria que ficava ao fundo da rua, comprava o jornal num quiosque, debaixo de uma arcada, onde o dono estava sempre a falar de motas. Agora, recordo-me desses anos como uma espécie de série antiga, o Dallas, a Dinastia, com a diferença grande de o Bobby, o J.R. ou a Sue Ellen serem pessoas que existem, que têm a sua própria memória. Num ano, a vida pode mudar radicalmente. Em dez anos, a vida pode transformar-se noutra vida. No entanto, as árvores crescem indiferentes, continuam no Jardim da Sereia, a respirar sobre a Praça da República. Entretanto, a minha sobrinha, criança que nasceu numa noite de sexta-feira, tem 22 anos e termina o curso em Coimbra, numa cidade que, de certeza, é bastante diferente daquela em que vivi durante dois anos. Entretanto, o meu filho, nascido na Maternidade Daniel de Matos em 1997, tem crescido, cruzando-se com as minhas memórias, mas sem as reconhecer.
O meu filho mais pequeno, nascido em Cascais em 2004, quer sempre ir comigo buscar o mano. Primeiro, existem duzentos quilómetros em que vamos sozinhos. Temos conversas longas sobre gormitis ou skates de dedos. Pode também pedir-me para pôr um CD de música assustadora, que é como ele chama ao heavy metal. Entre os seus preferidos, encontram-se os primeiros discos de Obituary. Depois, chega o meu filho mais velho, com a sua mochila do Benfica, a roupa passada e dobrada, e existem duzentos quilómetros em que vou calado a ouvi-los e a espantar-me com as expressões que utilizam.
Eu, que fui filho, sou agora pai. Imagino todo o mistério que eles vêem quando olham para mim e carrego aquilo que eles não sabem, que é melhor que não saibam. E, muitas vezes, quando lhes conto alguma história minha, explico-lhes que aconteceu antes de terem nascido. Eles olham-me desde a sua idade e não estranham que existisse mundo antes de terem nascido. Já eu, que tenho esta idade, estranho quase tudo.
O mais velho joga ténis, faz vela no Mondego e faz parte da única equipa portuguesa de lacrosse. Eu também nunca tinha ouvido falar nesse desporto americano que se joga com um bastão que tem uma rede na ponta. Quero ouvir, quero saber todas as regras para acreditar que também jogo quando ele joga. Misturado com isto, por baixo disto, eu e a mãe dele estivemos na sala em que nasceu, o seu rosto pela primeira vez. Vimos a enfermeira afastar-se com ele para limpá-lo, não desviámos o olhar por um único instante e, depois, vimo-la voltar e pousá-lo nos braços da mãe. Agora, ouve Green Day.
Muito explicado, o mais pequeno conta episódios dos pequenos da escola dele, que têm quatro anos; dos bebés, que têm três anos; e dos grandes, que têm seis anos, respeitinho. Também ele tem as suas actividades extra-curriculares: o judo, a natação. E, às vezes, diz palavras em inglês, que aprende uma a uma, semanalmente: tree, beautiful, cat. Conta também detalhes das explicações do educador, a quem chama “tio”. Eu e a mãe dele chegámos ao hospital antes das seis da manhã. Nasceu doze horas depois. Ao lado dela, eu não sabia o que fazer. Ela, com dores, a fechar os olhos, a respirar, não podia fazer nada. Nasceu muito sério. Agora, ouve e canta Xutos e Pontapés. Por insistência dele, fomos todos, mano incluído, assistir ao concerto do Estádio do Restelo. Dormiu no meu colo durante a maior parte do tempo.
Sou eu que os junto, é essa a minha tarefa. O mais velho defende o mais pequeno. Perde de propósito em jogos de playstation. O mais pequeno tem uma cegueira imensa pelo mais velho. Nada do que ele faça pode estar errado. Eu sou a testemunha disto. Sou o pai. Respondo às perguntas que me fazem, dou autorização para irem lá ao fundo. O pai deixa, diz um deles.
Sou também eu que os separo. Depois de dois dias inteiros juntos, a dormirem na mesma cama, a acordarem ao mesmo tempo, sou eu que guardo a roupa suja na mochila do Benfica. Sou eu que carrego os presentes no carro. Depois de filmes no cinema em que eles decoram cada pormenor, depois do pequeno se divertir a lutar contra a minha sombra, depois de comermos crepes com chantilly, depois de eu reparar que o mais velho está quase da minha altura, chega a hora, fim da tarde de domingo, e peço-lhes para darem um abraço. Eu sou o pai a olhá-los, mas, por dentro, em segredo, sou também um menino de cinco ou doze anos que gostava de ser irmão deles.

eu adoro este texto que me faz cair as lagrimas...sempre e sempre que o leio.

na sorte que é ter um irmão.eu sinto que ao ter o MEU irmão nunca estarei sozinha, não sei se me percebem?
sei que terei alguém que gostará sempre de mim. ok, pensam vocês, também é irmão dela se ele não gostar quem é que gosta?!
este amor, continua a ser o único em que acredito que há almoços de borla, porque existe alguem, o meu irmão, que me quer ver bem se possivel melhor do que ele, e porque o contrario é também verdadeiro.
não trocava o meu irmão por nada nem por ninguém.
pelo meu irmão morria.agora.já.

e porque há coisas que devem ser ditas...em que não devem haver dúvidas...aqui confesso que a pessoa que mais amo no mundo é o meu irmão.

Thursday, March 11, 2010

coisas que gosto

um filme





um texto

Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é.[Fernanda Mello]


um momento



uma frase

A verdadeira amizade, assim como a vinha, é uma planta que se desenvolve lentamente, e que e transforma em mais do que uma mera vivencia[George Washington]


um livro


um poema

o céu é aquela clareira
onde deito os olhos com ténues
cambiantes de cor que quase
gasto nas mãos, e como. como
o céu e aguardo uma
digestão convulsa. enquanto
o aguaceiro seca na terra antes que o
possa beber e deus se
vinga de mim ditando
os versos que escondem
a água ao mundo. já as
fogueiras florindo em volta,
murchando o dia que me
persegue. uma intervenção
divina para me resistir
[valter hugo mãe]

uma musica


Sunday, March 07, 2010


dias são dias.

e há dias em que sinto falta das palavras.
nesses dias
o vazio é enorme.
lá vou eu buscar os meus livros,que são a minha casa, o meu porto seguro
sempre repletos de palavras,que me fazem suprir a carência que tenho delas.
procuro em Pessoa, Quintana, Sophia,Mourão Ferreira ou Vinicius.

mas fico sempre entre duas brilhantes mulheres....
é a Cecilia que me diz que morrerei por idades imensas, até que não terei mais medo de morrer e só então serei eterna.
mas também sei que não é o que procuro. medo de morrer não tenho.não quero é a eternidade.
ou é a Clarice que me diz que a única verdade é que vivo.sinceramente, eu vivo.quem sou?bem, isso já é demais....
mas também sei que ainda não é isso que procuro.não sei se vivo, mas sobrevivo aos dias...sei que não sei quem sou e que talvez seja melhor assim...

pois o que eu procuro é apenas uma palavra que ficará para sempre na minha pele.

qual será ela?

a busca deve continuar?

Wednesday, March 03, 2010

não, não morri mas também não sei se estou viva

já nem as metáforas são suficientes
e as palavras preferem que eu não as pronuncie.
a concentração não existe....
quando não se sabe porque a dor insiste,
ou pior quando não se sabe porque doi,
tudo é alheio e estéril.
perdi o riso e se calhar o rumo,
uma dor de viver
e a tal tristeza
que não derrama lagrimas,nem de nada,
é uma tristeza enraizada,
que não me larga,
e me rouba a graça.
estou cansada.
muito cansada.