FERRUGEM E PRIMAVERA
A fechadura da porta do passado rangeu,
resistindo à chave de ferrugem,
cedendo afinal.
Temor imenso de que se abrisse totalmente,
e não pudesse suportar o cheiro de primavera,
cheiro de saudade.
Enorme o desejo de penetrar pela fresta,
de ser envolvida pela luz da manhã.
Luz das manhãs de ontem.
Reconhecer e rever a pureza do sorriso,
que já era um pouco triste,
mas nem tanto quanto hoje.
Impetuoso o gesto escancarando a teimosia da porta.
Corajosos passos envolvidos por algodão,
para não acordar os fantasmas.
Calor daqueles tempos retidos na memória,
Ainda agora aquecendo só um pouco,
pouquíssimo, mas quase suficiente.
No retorno necessário, súbita a decisão:
jamais trancar a porta,
encostar apenas,
dizendo um “até logo”, “até amanhã” quem sabe.
Para voltar novamente,
sem ferrugem, sem ranger e sem doer...
resistindo à chave de ferrugem,
cedendo afinal.
Temor imenso de que se abrisse totalmente,
e não pudesse suportar o cheiro de primavera,
cheiro de saudade.
Enorme o desejo de penetrar pela fresta,
de ser envolvida pela luz da manhã.
Luz das manhãs de ontem.
Reconhecer e rever a pureza do sorriso,
que já era um pouco triste,
mas nem tanto quanto hoje.
Impetuoso o gesto escancarando a teimosia da porta.
Corajosos passos envolvidos por algodão,
para não acordar os fantasmas.
Calor daqueles tempos retidos na memória,
Ainda agora aquecendo só um pouco,
pouquíssimo, mas quase suficiente.
No retorno necessário, súbita a decisão:
jamais trancar a porta,
encostar apenas,
dizendo um “até logo”, “até amanhã” quem sabe.
Para voltar novamente,
sem ferrugem, sem ranger e sem doer...