Saturday, September 06, 2008

gostava de ver para lá do que os meus olhos vêem. gostava de sentir a cor das almas.
de ter em mim uma janela com vista para dentro. toda branca e infinita para colorir e montanhas de guaches faber-castell novinhos em folha. pintar uma aguarela leve como o amor.

e o amor?passa o seu fôlego sobre o nada.a este sopro fez do nada o verbo amar.liberte-se o amor.que não fique apenas o verbo.permaneçam os sorrisos livres.o amor não se preocupa com os muros que o abrigam nem com os abanões de quem o fez tremer .sabe-se ventura.surpreende o mundo novo.e prossegue como se fosse o único. sem palavras.





Nao importa o que se ama.
Importa a matéria desse amor.
As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são um principio - nem sequer o principio. Porque no amor os principios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma historia que continua para la dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o espero, o macio, a falha, a persistencia.
[Ines Pedrosa]

14 comments:

* Lília * said...

Perfeito o teu texto poeticamente filosófico.

Abraços!

just me, an ordinary girl said...

o amor o amor
já nao sei falar dele
só sei que muito de mim é amor

Gostei muito do texto, um beijo muito grande

Eric Blair said...

amar amar, há ir voltar ...

Lídia said...

... de coração aberto. Sem bloqueios. Bj

ricardo said...

:)
***

AC said...

No 1º paragrafo leio-te complemento da ilustraçáo.
No 2º voas, descoraçãonde-me.

Bom post, mais um.
Beijo bom, um mais.

pn said...

em matéria de olhares para fora, para além, sugiro o interseccionismo pessoano

para o caso das almas, serve mesmo a técnica da Blimunda Sete Luas, do Memorial do Convento saramaguiano

O Viajante de Negro said...

Que nas tuas viagens possas reunir a paleta de cores do espectro luminoso e decomponhas a luz branca que tolda os nossos olhos.
E com as mãos, seguras e firmes, pintes na tela a obra tal como a envisionaste.
Só o consegui no fim de uma viagem recente: é possível e fazível.

Vício said...

uma janela com vista para dentro?
sabias que é indecente andar a espreitar?

Mãos de Veludo said...

lindissimo... como sempre ;)

Su said...

liberte----------------se

jocas maradas

Seastar_ Hannanur said...

"gostava de ver para lá do que os meus olhos vêem. gostava de sentir a cor das almas."

E não vês ? E não sentes?
Então andas distraída...e perdes o melhor.

beijinho

Cruztáceo said...

"sem palavras", contudo colorida pintura.

tufa tau said...

eu fico(-me) pelo depois do antes e pelo antes do depois... sem dúvida alguma!

abraço