Feliz dia da Liberdade Portugal!
AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU
Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.
Era já uma promessa
era a força da razãodo coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.
Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação
uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo
começou a floraçãodo capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.
Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
-pode nascer um país
do ventre duma chaimite.
José Carlos Ary dos Santos
ABRIL SIM, ABRIL NÃO Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre
Para mim não é dificil falar do que não vivi, nasci 2 dias depois do dia 25 de Abril de 1974, mas vivo todos os dias neste país com olhos de ver!Por isso deixo aqui 2 poemas, tão diferentes mas que adoro,o primeiro do Abril que retrata o que para mim deve ter sido este dia da Liberdade, e o segundo, do Abril que vivemos, do medo, do sofrimento, da contradição, de quem chora com fome, de um dia de Liberdade ferida!
Talvez por isso me lembro desse grande poeta Vergílio Ferreira, que escreveu um dia:
Vive a vida o mais intensamente que puderes.
Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes.
E ela será ainda mais intensa no absoluto do imaginário de quem te lê.
Eu acrescento apenas um pleonasmo:
A luta faz se lutando!
É tempo de dizer basta!
Salazar
Outrora
Caiu;
Regressou
Agora
Transformado
Em
Socialista
[estudo efectuado por cientistasportugueses que descodificaram o nome Socrates]