Sunday, September 02, 2007

novelo

Novelos.Desenrolam se por vezes.Tem de ser.Tem?

Vá desenrola este novelo. E o que vês? Para onde quer que olhes, só existe linha. Fios finos, por vezes frágeis, às vezes resistentes. Continua a desenrolar. Sim, desenrola.Consegues ver a primeira linha da última, aquela que já tocaste da que ainda não é tua? Que sabes tu desta linha? Que procuras neste novelo?

Eu puxo a ponta, caminho com ela até onde dou conta. Do novelo tento entrelaçar as tramas e delas, o destino que me toma pela mão e me leva a qualquer ponto, a uma intersecçao.Será que procuro no novelo o começo ou o fim?



Mas tu o que procuras neste novelo? As respostas ou as duvidas? Não sabes? Então porque que desenrolaste o novelo? Raios! Consegues dizer quão fina é a linha, ou quão perfeito é o emaranhado em que te embrenhaste? Porque te empenhaste em desvendar tamanho novelo?Será que como todos nós, apesar do ego para alimentar, vais desistir de desenrolar o novelo. Desistes?!Que nervos! Este novelo, tal como muitos outros, tu não vais desvendar. E tu o que sentes?Nada, absolutamente nada. E agora?Volta a enrolar a linha.Vais voltar?! Forma de novo o novelo do qual partiste. És capaz? Não, nem isso consegues. O primeiro novelo era demasiado confuso, e este é agora absolutamente impenetrável. As tuas mãos estão emaranhadas nas linhas. Olha bem para ti! Tiraste dele algum proveito? Desespero, confusão e uma vontade louca, desnorteada, de desenrolar quantos novelos te venham parar às mãos.Vais rebentar e emaranhar novamente, sabias??Azar! Nunca aprendes, pois não?Azar, não...Estupidez!


Eu quero saber se há avesso e se há início. Mas por mais que puxe a linha ele continua imenso e eu pequenina. No novelo quero fazer um corte, sim um corte, mas o fio engalfinha se e eu tento tomá-lo pela mão para não rolar pelo chão.Eu quero sentir o arrepio que só o novelo me pode dar, tocar a maciez , espirrar a rir e emaranhar me.Quero desafiar os sentidos.Porque sim, porque mereço e principalmente porque sou capaz.Como me disse uma amiga nem todos os espelhos sabem ver a verdadeira beleza.



E tu ris.Mas diz me quem irá festejar a alegria?

31 comments:

Maria said...

O novelo que é a vida....
Deixo-te um beijo

Hannanur said...

Complicado.

Mas como diz essa tua sábia amiga..."nem todos os espelhos sabem ver a verdadeira beleza."



Beijinho

nuno said...

E não é tantas vezes imenso e lindo o que se cria emagrecendo novelos?

Sim... tem que ser... sempre. Mesmo que surjam complicações e se perca o fio à meada...

Bjos

Pedro Branco said...

Rasgo as memórias em lágrimas. Canto o sufoco de tanto esperar. Pergunto a fome das correntes fortes. Renuncio à luz de novos caminhos. Abro as janelas em direcção a mim. De novo, escrevo-te.

borrowingme said...

fá tentei fazer o mesmo, mas deve ter sido com uma cebola
pois cada camada que retiro me faz chorar

nada que o tempo não cure
e já agora alguns comprimidos, pois ajudam a dormir à noite.
estou pior outra vez...

mas há conforto eu sei, apenas não onde procuro... eu e os mapas de amor

bjs velinha

Lívio said...

Já desenrolei e voltei a enrolar vários. Paciência e perseverança são as armas que encontrei para conseguir. Ao espelho nunca fiz, mas como não gosto de duplicados, só acredito nos originais, não o penso fazer...
Uma semana desnovelada!

pn said...

mesmo se muito quiséssemos de novelo nunca chegaríamos a
(n)óvulo...

e aí, seria pelo início, o caminho

mas vem de globellu, e essa "coisa" redondinha mostra mal início e fim

com alguma (presti) digitação não há nó que resista... udini dixit

quanto à alegria, quando chegar em andamento apressado e vivo... porque não gozarmo-la todos?

maria josé quintela said...

qualquer novelo é, à partida, um objecto estranho. qual é a ponta por onde começa de desfiar-se??

MIMO-TE said...
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MIMO-TE said...

'A novelos que seria bem melhor que não existissem.

Que optimo seria uma vida sem novelos? Uma utopia :)

poetaeusou . . . said...

*
o novelo
das
novelas
*
ji
*

Brain said...

Velas,

Talvez, um dos textos teus mais plenos que já li.

Adorei.

Parabéns.

Beijo.

Release me said...

novelo,nós, pontas soltas... tudo para nos complicar a vida. Nada é linear.

ricardo said...

...excelente post...fiquei a pensar...novelo?...novelo?...somos nós todos um grande novelo????????????

just me, an ordinary girl said...

Adorei o texto, nem sei o que te dizer, so sei que vou a ficar nele.
Dizes neste texto coisas que eu estava mesmo a precisar "ouvir", acredita-me!

Um beijo sem principio meio e fim

just me, an ordinary girl said...

... vou ficar a pensar nele, emendo.

impulsos said...

Sabes, há novelos que nos arrastam para o meio do emaranhado e do qual é muito difícil voltar a encontrar uma ponta...
Mas há também o saborzinho de enrolar e desenrolar vezes sem conta...
Festejar a alegria?
Pois... depende do tipo de novelo e das expectativas para permanecer no meio dele, ou não!
Complicado...

Beijinho

poca said...

Velas, este texto está: BRUTAL!!!

amei mesmo. apetece-me pegar em certas frase e fazer uma música!

muito bem captado o sentimento.. o momento..
muito bem combinadas certas palavras..

e mais uma vez.. do que falas.. sei.

parabéns!

boa semana para ti
beijinhos

AC said...

Está incrivel!
Gosto destes textos: à flor da pele, mas sempre sem serem lamecehas.

Parabéns

Beijo

Teresa Durães said...

bom, só concordo contigo. as minhas raízes também... enfim...

beijos

Nero said...

Um texto inteligente.
Cumprimentos.

veritas said...

É verdade, nem todos os espelhos sabem ver a verdadeira beleza. Por isso é em frente o caminho, à procura daqueles que sabem ver a nossa verdadeira beleza...
A vida faz-se a desfiar novelos, é uma aprendizagem...se calhar a arte está em sabê-los desfiar...

Bjs. Boa semana.

Alexandre said...

Desenrolar um novelo é o mesmo que começar a enrolar outro, porque a vida é feita de novelos - quando chegamos ao fim de um logo descobrimos que existe outro...

Muitos beijinhos!!!

ruth ministro said...

... Uma mensagem complexa... Gostei.

Um beijo grande :)

Beijo na Alma said...

Gosto do teu espaço...
Um beijo na alma

temporaria_mente insana said...

querida velinhas


enrolar e desenrolar novelos, não é estupidez... na minha opinião.

acomodarmo-nos a eles emaranhados, é aceitar a vida (ou a morte) sem luta... é ficar amorfa!

E lá diz o poeta, que importa, que não me festejem a alegria? Se é por isso que eu vivo... quando morrer que me festejem a tristeza, ou quiçá talvez até venha alguem insultar-me à campa...

abracinho, querida

TG said...
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TG said...

Um fio,
Um fino fio,
de frio em frio,
nada mais tenho para ti,
do que o meu longo abraço.

bjs menina amarela

Jo said...

DesAFIA OS SENTIDOS...

Festeja tu a tua alegria.

Vive.

Beijos

Vício said...

os gatos são tramados! não resistem mesmo a brincar um pouco! ;)

C. said...

um novelo em meditação tentando desvendar o enigma que há em si.

Muito interessante.

Um beijo.